Vejam que interessante a passagem abaixo, retirada do livro de Neil Smelser, Comparative Methods in the Social Sciences. N. J., Prentice Hall, 1976, relativa à construção de conceitos abstratos e busca de indicadores empíricos, passagem citada do livro de um economista, Kuznets, Quantitative Economic Research:
"Pode-se argumentar que limitar a escolha de pressupostos [teóricos] àqueles que refletem o consenso da sociedade e a escolha de teorias àquelas baseadas na realidade observável, ainda que simplificada, é indispensável se se espera que alguma contrapartida empírica seja encontrada e que alguma mensuração econômica seja possível. É extremamente difícil encontrar referentes empíricos para um conjunto de objetivos e regras radicalmente diferentes dos predominantes, o que, eventualmente, pode nos ajudar a explicar a fraqueza empírica dos escritos dos críticos que se posicionam fora da teoria econômica ortodoxa" (180).
"Pode-se argumentar que limitar a escolha de pressupostos [teóricos] àqueles que refletem o consenso da sociedade e a escolha de teorias àquelas baseadas na realidade observável, ainda que simplificada, é indispensável se se espera que alguma contrapartida empírica seja encontrada e que alguma mensuração econômica seja possível. É extremamente difícil encontrar referentes empíricos para um conjunto de objetivos e regras radicalmente diferentes dos predominantes, o que, eventualmente, pode nos ajudar a explicar a fraqueza empírica dos escritos dos críticos que se posicionam fora da teoria econômica ortodoxa" (180).
Ou seja, como nenhuma mensuração, como nenhum índice é neutro, mas sempre construído a partir de determinados pressupostos teóricos e mesmo filosóficos, os indicadores empíricos são construídos a partir de determinadas pressupostos da "teoria ortodoxa", de modo que aquele que queira desenvolver uma "teoria crítica" terá, entre outras, a dificuldade de encontrar medidas que sejam adequadas às suas questões e aos seus conceitos. Isso, por sua vez, nos ajudaria, ao menos em parte, a entender porque as "teorias críticas" são, em geral, mais fracas do ponto de vista de sua base empírica. Ou seja, esse é um elemento importante a ser introduzido naquela discussão sobre a fragilidade das proposições de Bourdieu sobre o poder. Aliás, ele próprio faz a crítica dos dados produzidos pelas agências francesas de sociometria. Mas seria interessante observar que todos os dados coletados pelas sociedades contemporâneas permitem apenas visualizar diferenças na quantidade de capital; não há dados coletados com o espírito de revelar formas de dominação simbólica. Dessa forma, só se pode correr atrás desse fato por meio da pesquisa qualitativa.
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